Ação está em andamento e, agora, crianças e adolescentes ajudarão a produzir trabalho do rapper Negro Rudhy. Apresentar uma nova perspectiva, algo que não faz parte de uma realidade, é como abrir uma janela para a vida. Nessa toada, o projeto Vida Sonora leva à comunidade do Monte Cristo, em Florianópolis, uma oportunidade para os adolescentes aprenderem um pouco do universo musical e cinematográfico. Ao longo de duas semanas, cerca de 30 crianças e jovens tiveram oito oficinas temáticas no Centro de Educação Popular (CEDEP), com aulas, vídeos e apostilas sobre fotografia, produção, arte e som. Agora, chegou a fase de aplicar os conhecimentos nas gravações de um clipe com os rappers Negro Rudhy e Marrom.
– É um novo universo que se abre. Eles estão acostumados a ver muitos clipes no Youtube, mas não tinham ideia de como são feitos, como é por trás das câmeras. Mostramos que nada é feito de improviso, está tudo planejado. Também é uma oportunidade de mostrar pra eles novas oportunidades de trabalho – comenta Vinícius Billy, produtor executivo do projeto.
De fato, é um mundo inteiramente novo que se abre para as crianças e adolescentes do Monte Cristo. O jovem Leonardo Botelho, de 14 anos, superou a timidez e aprendeu, pela primeira vez, a manusear equipamentos de música e de filmagem.
– É muito massa. Uma oportunidade única de descobrir algo novo. Eu nunca tinha visto um drone de perto, por exemplo. Nunca tinha me imaginado fazendo esse tipo de coisa, mas agora que aprendi, está ficando fácil. De repente posso trabalhar com isso no futuro – disse Leonardo.
Ainda que no Cedep os jovens tenham acesso a diversos cursos e práticas esportivas, nada se equivale a esse tipo de ação. Para o diretor cinematográfico do projeto Vida Sonora, Luiz Fernando Machado, de 36 anos, trabalhar com arte é uma experiência única.
– O mais importante é eles estarem nessa imersão, em um processo de criação. Trabalhar com arte e criação é uma experiência que fica para a vida toda. Eles podem observar todos os processos de criação de um clipe, utilizando da criatividade, isso é o principal – afirma Luiz.
Gravação de clipe
Pela identificação de Negro Rudhy com a comunidade do Monte Cristo, foi escolhida para a gravação do clipe uma música de seu último disco solo, Favela Convocada, de 2016. Por todos os meus dias fala sobre o passado e o presente e conta um pouco da história de vida do rapper.
– O clipe vai trabalhar com os protagonistas (Rudhy e Marrom) na infância e depois adultos. A ideia é contar a história deles, de onde vieram e onde chegaram – comenta Luiz Machado.
Negro Rudhy tem 18 anos de rap. Quando recebeu o convite para o projeto, abraçou a causa e sugeriu a realização das oficinas no Cedep justamente por ter sido educador social ali. Para ele, essa é uma oportunidade de mudar realidades.
– Por ser um integrante do movimento hip-hop e ter sido resgatado pelo rap, eu tinha que estar aqui. É uma honra contribuir com esse projeto. Se a gente puder salvar um entre 100, é uma vitória – destaca Rudhy.
Diversidade em foco
O Vida Sonora engloba seis projetos de oficinas e gravações de clipes com artistas independentes do hip-hop catarinense. Entre os quatro idealizadores (além de Luiz Machado e Vinícius Billy, estão Rodrigo Lauffer, fotógrafo e produtor, e Endryo Corrêa de Carvalho, designer e produtor), o consenso era de que o projeto deveria ser o mais diverso possível.
– A gente trabalha desde o início a diversidade dentro do próprio rap. Em Laguna, foi um grupo mais novo. Em Criciúma, foi um grupo de rap gospel. Em Palhoça, foi um rap gangster. Aqui (em Florianópolis), o Negro Rudhy e o Marrom. Em Blumenau, será um grupo feminino e, depois, faremos com um grupo indígena no Morro dos Cavalos, em Palhoça – conta Vinícius Billy.
Além das gravações dos clipes, o projeto também elabora making offs das gravações e das oficinas. Quem quiser conhecer um pouco mais do projeto pode acessar o canal do Youtube.
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