O Instituto Pe. Vilson Groh (IVG) e o Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICOM) , em parceria com o Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina (MPT/SC) e o UNOPS, agência da ONU especializada em gestão de projetos, lançam a unidade do Banco Comunitário ICOM na comunidade Frei Damião, em Palhoça, considerada uma das mais vulneráveis do Estado.
Este trabalho em rede permitirá o apoio financeiro a 344 famílias, que receberão R$ 600 cada uma em moedas sociais, divididos em três parcelas de R$ 200 cada. Comércios e empreendedores da comunidade são cadastrados para receber os pagamentos em moedas sociais digitais por produtos de alimentação, itens de higiene e de limpeza. Isso faz com que o recurso financeiro circule dentro da Frei Damião, impulsionando a economia local e potencializando os recursos da comunidade.
A Frei Damião é uma área de interesse social. A estimativa da Associação de Moradores é de que mais de 4.600 famílias morem no local. São pessoas que vivem principalmente do trabalho informal, o mais impactado por esse momento de crise decorrente da pandemia. Muitas famílias são chefiadas por mulheres e compostas por idosos e por crianças.
Com esta nova unidade – a quinta do Banco Comunitário –, 1.376 pessoas da Frei Damião serão impactadas diretamente, além dos comércios e empreendedores, que estão sendo cadastrados.
Para Mariane Maier, gerente-executiva do ICOM, é o trabalho em rede com outras organizações que permite que o Banco atenda as necessidades mais urgentes das famílias e também promova o desenvolvimento do território. “Estamos muito felizes em poder correalizar essa unidade do Banco Comunitário da comunidade Frei Damião. Sabemos que cada unidade tem suas particularidades, cada território tem características únicas, e estamos atentos a isso para que as moedas sociais promovam, de fato, transformação social”.
O padre Vilson Groh analisa: “É impossível viver bem e em paz com fome. Ela não espera e, por isso, fere um dos direitos mais básicos e sagrados da vida humana: o direito de se alimentar. Portanto, ampliar o Banco Comunitário para essas 344 famílias da comunidade de Frei Damião tem o poder de gerar um impacto tremendo na saúde, na autoestima e na convivência dessas pessoas dentro da própria casa. E esse impacto reflete, sem dúvidas, também nas pessoas doadoras, ao saberem que estão contribuindo, independe do valor, no combate à fome”.
Como funciona o Banco Comunitário?
O Banco Comunitário ICOM é uma das estratégias criadas dentro da Linha de Apoio Emergencial Coronavírus, lançada em março de 2020 com o objetivo de apoiar pessoas em vulnerabilidade social. Os recursos que são convertidos em moedas sociais são mobilizados por meio de doações financeiras às organizações realizadoras, ICOM e IVG.
Por meio do Banco, moedas sociais digitais são doadas a famílias em vulnerabilidade social, que adquirem itens de alimentação, higiene e limpeza nos comércios de suas comunidades. Para a moeda social circular, o Banco Comunitário ICOM faz parcerias com Organizações da Sociedade Civil (OSCs) locais, que participam da tomada de decisão e da operacionalização do Banco. No caso da Frei Damião, são correalizadoras as organizações locais Aebas e Associação Laura dos Santos.
A moeda social foi criada para ser usada por determinado grupo e circular em regiões específicas. No caso do Banco Comunitário ICOM, ela é virtual e é depositada na conta de cada família cadastrada. Esta conta pode ser acessada por meio de um aplicativo específico, em que a família pode consultar o saldo e saber onde utilizar aquele valor, caso conte com essa tecnologia. Outra opção é a compra de produtos com o CPF, sem necessidade do uso do celular. A moeda é aceita somente por estabelecimentos cadastrados pelo ICOM e pela OSC correalizadora.
Com a emissão da moeda social digital, o Banco Comunitário cumpre com os objetivos de garantir alimentação e itens de higiene e de limpeza a famílias vulneráveis, proporcionando a elas autonomia; fortalece pequenos comércios de periferia; oportuniza que Organizações da Sociedade Civil e movimentos sociais aprendam novas formas de atuação; fortalece vínculos comunitários; e incentiva a cultura de doação na Grande Florianópolis.
Unidades do Banco Comunitário
Em 2020, foram abertas 5 unidades do Banco Comunitário ICOM. A primeira foi na comunidade da Serrinha, no Maciço do Morro da Cruz, em Florianópolis, correalizada pela Casa São José. Depois, veio a unidade Chico Mendes, correalizada pela Revolução dos Baldinhos e Associação de Mulheres do Monte Cristo. Em seguida, foram criadas três unidades ao lado do Instituto Pe. Vilson Groh: Monte Cristo, correalizada pelo Cedep, Morro do Mocotó, com a ACAM, e Comunidade da Praia, em Palhoça, correalizada pela Associação João Paulo II.
No total, foram apoiadas mais de 800 famílias em vulnerabilidade social e 32 comércios locais de abril a dezembro de 2020. Em 2021, os apoios continuaram em 4 unidades para 617 famílias, e agora, com a implementação na Frei Damião, o Banco chega à quinta unidade, com mais 344 famílias atendidas.
Moeda Social: Tecnologia reconhecida nacionalmente
Os bancos comunitários são uma tecnologia social inovadora e reconhecida nacionalmente pelo desenvolvimento, empoderamento e transformação social nas áreas vulneráveis em que atuam. O Banco Comunitário ICOM faz parte da Rede Brasileira de Bancos Comunitários e utiliza a tecnologia e-Dinheiro. Em 2020, a Rede foi considerada a iniciativa destaque do Prêmio Empreendedor Social do Ano, da Folha de S.Paulo. O foco dos bancos comunitários é o desenvolvimento de áreas de baixa renda.